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Jun 09, 2023

Opinião

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Ensaio de Convidado

Por Margaret Renkl

Renkl é redatora de opinião colaboradora baseada em Nashville e cobre flora, fauna, política e cultura no sul dos Estados Unidos.

Quanto tempo posso ficar na minha janela e observar os pintassilgos, pequenos sóis esvoaçantes em seus trajes de verão? Durante uma hora posso ficar ali, escondido de olhares cautelosos. Durante uma hora de alegria, durante um dia inteiro de alegria, posso ficar parado e observar a forma selvagem como elas rasgam minhas zínias, arrancando pétala após pétala. Eles procuram as sementes que amadurecem no final de cada pedaço de brilho. Estou apaixonado pelas zínias em sua ruína desequilibrada, pois elas me dizem que os famintos pintassilgos estão fartos.

Por uma hora, por um dia, posso elogiar a erva daninha esfarrapada e as pequenas pilhas de fezes verdes em cada folha da erva daninha devastada. Eu me aproximo, mas nunca encontro os filhotes da mariposa leopardo gigante, que veio durante a noite para botar seus ovos. As bagas roxas da erva daninha, penduradas em seus caules magenta, são um farol para os tordos e os debulhadores marrons, para os pássaros azuis e os cardeais. Todos engolirão com prazer qualquer coisa rastejante que virem entre as frutas. As lagartas estão escondidas, esperando para transformar as folhas da erva-daninha em mariposas leopardo gigantes que voam no escuro.

Também me deleito com a margarida mordiscada, de volta para uma segunda floração. Um jovem coelho no jardim polinizador gostou das luas brilhantes de suas pétalas. Ele cortou cada uma delas ao meio, deixando as partes da flor produtoras de pólen para serem colhidas pelas abelhas. Que coisa é ser alimentador de coelhos e também alimentador de abelhas! Que coisa deve ser, noite e dia, para manter o velho mundo girando, para tornar o velho mundo novo.

Admito que é necessário algum esforço para se gloriar no oídio. Contemplando o jardim desgastado, pondero o que de bom poderia advir deste artista anônimo de folhas rasteiras. Quais vizinhos selvagens isso ajuda? Aí me lembro que o oídio é um banquete para joaninhas. Estudando as folhas de abóbora polvilhadas com uma pátina de falsa geada, de repente me lembro de agradecer por algo tão inesperado neste verão escaldante de um milênio escaldante: a graça da chuva suficiente.

As próprias abóboras laranja já viram dias melhores, mas ainda assim ofereço meu coração ao que sobrou das abóboras esculpidas pelos esquilos. Ofereço todo o meu coração à carne espessa e carnuda que engorda os esquilos antes da hora da fome. Muito antes do inverno, aquela fantasia de uma estação tão distante neste calor, minhas abóboras em colapso estão engordando as raposas e os gambás, os gambás e os guaxinins. E agora as sementes de abóbora derramadas estão secando ao sol, esperando para alimentar todo mundo.

Ainda levará algum tempo até que a falsa teia de Halloween, tão perigosa para a vida selvagem, apareça novamente nos arbustos suburbanos, mas as aranhas reais já estão cobrindo a rastejante Jenny com fios de teias de algodão doce. Fico na minha janela e observo uma mosca tropeçar em suas obras de arte, e observo a aranha disparar em direção à mosca. Sou grato por ambos. E o tempo todo sonho com aquele dia de abril em que um beija-flor retorna da América Central e chega ao meu quintal no Tennessee. Em abril, ficarei nesta janela e observarei ela coletando seda de aranha para tecer seu ninho em miniatura de cardo, líquen e musgo.

Meu coração se acelera com os buracos de alfinetada nas vinhas de maracujá e com os buracos de alfinetada na salsa, mas espero e espero pelos buracos de alfinetada nas folhas da serralha. Há serralha por todo o quintal, erva-borboleta, serralha do pântano e serralha-mel, e quase todos os dias um monarca vem se alimentar de suas flores, mas não há nenhuma lagarta nas folhas da serralha. É possível agradecer pelas lagartas fritilares do golfo no maracujá e pelas lagartas rabo-de-andorinha preta na salsa e ainda esperar por alfinetadas na serralha. Amor e esperança não podem deixar de vir em pares.

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